Como será o amanhã? De volta para o nosso antigo normal!

Como será o amanhã? De volta para o nosso antigo normal!

“Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu. Tá tudo assim, tão diferente” (Renato Russo)

De volta para o passado!

Parece, mas não é!

Você sabe o que é Isolamento, Distanciamento e Lockdown?

Por essa; ninguém esperava!

Como é importante o dever de casa bem feito!

Quem fez o certo na hora certa?

Fui motivado por um amigo, Airton Minchoni da Macondo Propaganda, que tem nos assessorado em nossa trajetória, a escrever sobre o que as pessoas estão chamando de “novo normal” e “antigo normal”. Achei a ideia interessante, visto que é o “assunto da hora” e, enquanto influenciador, me sinto na obrigação de participar da brincadeira. Pesquisei algumas referências, como sempre faço, e misturei com minhas elucubrações pessoais tirando, é claro, o viés ideológico da mistura para não engrossar o caldo. Tento ser extremamente imparcial no conteúdo. Às vezes consigo. Bora trabalhar? 

De volta para o passado!

Aos pouquinhos o mundo está retornando àquilo que era a nossa rotina normal. O nosso “antigo normal”, como se tem falado. Alguns países já começaram a flexibilizar as diretrizes impostas no combate à pandemia de acordo com suas respectivas situações pós confinamento. Dessa forma, os níveis de relaxamento da reclusão variam de acordo com os resultados do achatamento da curva de contágio promovido pela estratégia adotada previamente.

São três as recomendações em eventos pandêmicos, até que um tratamento eficaz seja encontrado ou uma vacina seja desenvolvida: distanciamento, isolamento e lockdown. Cada país adotou a estratégia que julgou ser a mais apropriada e os resultados vieram, e ainda estão vindo, de acordo com a decisão tomada.

Parece, mas não é!

As estratégias de controle do contágio parecem iguais, mas não são. As diferenças entre elas são minuciosas e, portando, devem ser elaboradas e implementadas cuidadosamente, com base nas estatísticas de contágio, para que os resultados sejam favoráveis. Vamos descrever, a seguir, como cada uma funciona. Não inclui a quarentena como estratégia porque, na verdade, não é. Quarentena é uma medida de saúde pública tomada quando pessoas que não apresentam sintomas, mas estiveram em contato com doentes ou visitaram regiões de surto epidêmicos são, compulsoriamente, isoladas para evitar o risco de disseminação da doença. Não é uma escolha. É uma determinação.

Distanciamento Social

Trata-se de um afastamento voluntário com o intuito de evitar aglomerações e o consequente risco de exposição e contaminação viral. É uma recomendação dos órgãos de saúde competentes. Dessa forma, locais que aglomerem grande número de pessoas podem ser fechados tais como escolas, comércio, casas de espetáculos entre outros serviços não essenciais. Este foi o caso que experimentamos com o advento da Covid19 (a maioria dos países). Foi também sugerido uma distância de segurança de dois metros entre as pessoas. Como o distanciamento social é uma medida preventiva sugerida, não há aplicação de penalidades caso haja descumprimento da mesma.

Isolamento social

O isolamento social baseia-se no isolamento de pessoas sintomáticas e de pessoas assintomáticas, mas que tiveram contato com pessoas contaminadas, enquanto aguardam o resultado do exame para confirmação. O isolamento também pode ser aplicado, independentemente de suspeita de contaminação, de duas formas: isolamento vertical; somente o grupo de risco é isolado, no caso da Covid19, idosos e pessoas imunodeprimidas; ou isolamento horizontal, que abrange toda a população, exceto trabalhadores de setores essenciais.

Lockdown

Significa bloqueio total das atividades exceto, obviamente, os serviços essenciais, com restrição ampla de isolamento. É uma determinação do Estado abalizada pelos órgãos de saúde competentes. É compulsório e penaliza aqueles que descumprirem a determinação. Geralmente, é uma decisão tomada quando as duas primeiras estratégias, distanciamento e isolamento, não resultaram. Entretanto, no caso da Covid19, alguns países adotaram esta medida antes mesmo de experimentarem as duas primeiras.

Por essa; ninguém esperava!

A Covid19 entra para a história mundial como o evento do século! Até aqui, claro. Ainda tem muito século para rolar. Impactou nossas vidas substancialmente como nada antes experimentado. Na minha opinião, nem as grandes guerras impactaram tanto nossas existências quanto a Covid19. Alguns países mudaram pouco o seu “normal” em decorrência das grandes guerras. O continente sul-americano, por exemplo, pouco sentiu o impacto, ao contrário da Europa. Dessa vez não. O mundo inteiro sentiu!

Lidar, sistemicamente, com situações tão impactantes como a que estamos vivendo é crucial para o gerenciamento dos prejuízos decorrentes. O evento Covid19, de fato, trouxe à luz a diferença entre   grandes estadistas, gerenciadores sistêmicos do caos, dos politiqueiros oportunistas apagadores de incêndio que lutam por poder, pelo poder, e suas consequentes benesses. Não enxergam um palmo à frente do nariz! Dessa forma, é notório a disparidade dos resultados obtidos, através de cada estratégia adotada. Resumindo, quem fez o dever de casa? 

Como é importante o dever de casa bem feito!

O Relatório do Banco Mundial, que projeta o impacto do PIB global, em decorrência da pandemia, comparando os períodos de janeiro e junho de 2020, demonstra claramente que os países que adotaram medidas mais rígidas de isolamento conseguiram minimizar suas inevitáveis perdas.

Podemos perceber que a China é a menos impactada da lista, isso por três razões óbvias: Primeiro, implementou medidas severas de isolamento com presteza; segundo, se mobilizou rapidamente na construção de um hospital para atender a demanda e terceiro, é a economia mais estável e crescente do mundo por duas décadas consecutivas, no mínimo. Tem muita lenha para queimar.

O Brasil, na contramão do minimamente aceitável, menosprezou o vírus classificando-o como “uma gripezinha” tipo a que se cura com a receitinha da vovó de chá de alho com limão. O Presidente Jair Bolsonaro, autor de frases mal-educadas que beiram a insanidade, as quais ameaçam o estado democrático de direito que vivemos e que incitam a violência; torna o ruim em alguma coisa próximo do insuportável! Sem dúvida nenhuma, entra para a história como um dos piores dirigentes na condução da crise provocada pela Covid19.

Os resultados obtidos pelo Brasil, até aqui, não poderiam ser diferentes. Casos confirmados, 1.038.568; recuperados, 520.360 e 49.090 mortes. É o país que sofrerá, muito possivelmente, o maior impacto na economia, segundo o relatório do Banco Mundial. Está um pouquinho à frente somente da União Europeia que, diga-se de passagem, teve um impacto maior em virtude da péssima gestão da crise pelos países Grécia; Itália; Espanha; Croácia; Reino Unido e França, principalmente (click aqui para saber mais). O baque negativo no PIB desses países puxa para baixo a média de todo o bloco. Vale a pena ressaltar que especialistas afirmam que o pior cenário para o Brasil ainda está por vir. Que Deus tenha misericórdia!

O Presidente Jair Bolsonaro provou, sem nenhuma margem de dúvida, sua incompetência no gerenciamento sistêmico do caos. Promoveu a discórdia institucional, brigou (briga) com a imprensa, desfez alianças que o ajudaram nas urnas; desgovernou e continua desgovernando o país. Insiste na paranoia do uso de um tratamento à base de um medicamento para o qual não há estudos conclusivos de eficácia; a Cloroquina. Insiste que os números da pandemia são superestimados. E jura, de pé junto, que o vírus foi produzido pelos chineses que intentam quebrar a economia mundial principalmente, é claro, a do Brasil. Haja delírio persecutório!

De todas as maluquices, sem dúvida nenhuma, a mais contundente foi incitar a invasão de hospitais para provar sua tese de que não está morrendo tanta gente assim e que equipamentos e itens de segurança estão sendo desviados ou superfaturados. Invadir uma unidade de saúde, em qualquer tempo, é um total desrespeito aos profissionais da área e um ato desumano aos enfermos que merecem, no mínimo, um ambiente seguro e tranquilo para se recuperarem. Incitar a invasão de unidades de saúde no momento que estamos vivendo, é algo tão abjeto que não consigo encontrar uma palavra que possa classificar o ato.

O pretexto é sempre o mesmo: a economia não pode parar. Ora, os países que tomaram medidas severas de isolamento são os países que sofreram o menor impacto econômico, como comprova as previsões de institutos internacionais competentes. Estudos científicos sobre a Gripe Espanhola, lá em 1918, também comprovam essa tese. Click nos links para saber mais:

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52075870

https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/04/13/internas_economia,1138002/entre-o-isolamento-e-a-economia-gripe-espanhola-da-llicoes-ao-mundo.shtml

https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-30/licoes-de-1918-as-cidades-que-se-anteciparam-no-distanciamento-social-cresceram-mais-apos-a-pandemia.html

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/03/28/cidades-dos-eua-que-usaram-isolamento-social-contra-gripe-espanhola-tiveram-recuperacao-economica-mais-rapida-diz-estudo.ghtml

https://www.otempo.com.br/cidades/licoes-de-1918-como-chegou-ao-fim-a-pior-pandemia-da-historia-1.2326359

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/isolamento-social-durante-pandemia-pode-levar-a-recuperacao-economica-mais-rapida-diz-estudo.shtml

Quem fez o certo na hora certa?

Dois países que adotaram estratégias muito interessantes no que diz respeito ao gerenciamento sistêmico do caos e que não constam na lista do relatório do Banco Mundial; ou seja, terão um impacto econômico mais brando são Taiwan e Nova Zelândia.

Taiwan, que ainda vive às rusgas com a China em relação à independência de seu território, experimentou um impacto devastador em sua economia, em 2003, em virtude da epidemia da SARS, provocada pelo vírus SARS-CoV ou SARS-CoV-1, que se espalhou pela Ásia. O governo taiwanês, não acreditou que o vírus causasse grandes estragos e não tomou as medidas determinadas pelos órgãos de saúde competentes (pensou que era só uma gripezinha). A imprudência contabilizou 73 mortes e causou um grande estrago na economia.

A partir desse revés, o governo taiwanês, sob o comando da Presidente Tsai Ing-wen, criou um centro de controle de epidemias que elaborou uma lista com 124 medidas de ação em caso de ocorrência de um surto epidêmico. Entre as medidas inclui-se controle rigoroso de fronteiras; isolamento social robusto (lockdown); políticas para escolas e locais de trabalho; monitoramento sistemático dos recursos hospitalares para que uma reserva estratégica de leitos seja mantida, assim como também de mão-de-obra especializada; monitoramento extensivo do tráfego de pessoas por meio de celulares e sistema de comunicação entre todos os departamentos do governo envolvidos em um evento epidêmico com a população em tempo hábil (quase tempo real!).  

Com quase 25 milhões de habitantes, Taiwan contabiliza, até 18 de junho de 2020, 446 casos confirmados, 434 recuperados e apenas 07 mortes. Um exemplo ao mundo de planejamento sistêmico de longo prazo. Aprendeu com sua própria experiência e estabeleceu medidas sistêmicas de gerenciamento do caos. Não criou soluções paliativas, não sistêmicas, para o problema atual que, na maioria das vezes, são as causas dos problemas futuros.

A Nova Zelândia é outro exemplo positivo de gerenciamento sistêmico do caos. Uma marca registrada do pequeno arquipélago (aproximadamente 270 mil km²) formado por duas grandes ilhas, a do Norte e a do Sul, e algumas outras menores no sudoeste do Oceano Pacífico, na Oceania.

No dia 15 de março de 2019, em duas mesquitas na cidade de Cristchurch, a Nova Zelândia sofreu o que sua Primeira-Ministra, Jacinda Ardern, classificou como “um dos dias mais negros da história da Nova Zelândia”. Uma ação terrorista que matou 49 pessoas e deixou outras 48 feridas. Um ataque xenófobo que tinha como alvo os imigrantes mulçumanos.

A postura da Primeira-Ministra foi digna de um grande estadista que faz a coisa certa na hora exata. Numa sessão extraordinária no parlamento, iniciou seu discurso com a expressão árabe “Salam aleikum” (“A paz esteja convosco”). Lamentou a morte dos que foram e a dor dos que ficaram e classificou as vítimas com a frase: “They are us” (Nós somos eles). No dia seguinte, visitou as mesquitas com um véu (Hijab) negro sobre a cabeça, como fazem as mulheres mulçumanas, e disse que o povo mulçumano sempre seria bem-vindo à Nova Zelândia. Tudo que se espera de um grande Líder. Ação coordenada, empatia, estratégia, administração sistêmica do caos.

Menos de um ano depois, uma pandemia atravessa os oceanos e bate à porta da Nova Zelândia e mais uma vez a Primeira-Ministra, Jacinda Ardern, mostra o que é gerenciar uma grande nação. Fecha as fronteiras, implementa um severo lockdown e diz que a economia pode esperar. O resultado da estratégia é mais uma lição a ser aprendida. No dia 8 de junho de 2020, a Nova Zelândia declara que o vírus não circula mais no território neozelandês e que, a partir da meia noite daquele dia, as atividades voltariam todas ao “antigo normal”. O país registrou 1157 casos confirmados, 1132 recuperados e 22 mortes.

Infelizmente, por uma decisão puramente emocional, o vírus retornou ao país. Foi permitido que duas mulheres que chegaram de Londres, no dia 7 de junho, um dia antes da volta ao “antigo normal”, para visitar o pai em estado terminal, tivessem o período de quarentena quebrado. As duas estavam contaminadas. Obviamente que a situação está sob controle, mas duas lições importantes tiramos deste evento: Primeiro, emoção não é um bom ingrediente para misturar na receita do gerenciamento sistêmico do caos. Segundo, o nosso “antigo normal” dificilmente voltará a ser o mesmo. Provavelmente, teremos que nos adaptar a um “novo normal” até que um dia, se Deus quiser, tudo isso se acabe.

Gerenciar o caos requer algumas características essenciais para que um dirigente seja bem-sucedido em suas estratégias: Visão sistêmica; capacidade de liderança; mindset progressivo; empatia; educação; são apenas algumas delas. Bolsonaro tem provado que não possui nenhuma. Suas habilidades limitam-se a um vocabulário chulo, pescar em reservas ambientais e pilotar motocicleta sem capacete. Sim, votei nele, e sinto que fui vítima de um estelionato eleitoral. Parece que esse tipo de crime se institucionalizou no Brasil. Ao contrário, a Primeira-Ministra neozelandesa, Jacinda Ardern e a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, dão um show de gestão sistêmica do caos ao mundo.

Encerro esse post convidando você para uma enquete. Se você estivesse recrutando um CEO para a sua empresa; qual você escolheria: Jair Bolsonaro, do Brasil; Tsai Ing-wen, de Taiwan; ou Jacinda Ardern, da Nova Zelândia? Envie seu comentário com a resposta. Participe da brincadeira! Se o retorno for significativo, prometo que publico o resultado na próxima postagem. Até breve, saúde e sucesso.

#FiqueEmCasa

2020-07-04T16:13:23-03:00 22 de junho, 2020|Atualidade|0 Comentários

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