O dinamismo do mundo corporativo e a arte de camaleonear

O dinamismo do mundo corporativo e a arte de camaleonear

O mundo muda e desmuda cada vez mais rápido. Ou você aprende a arte de camaleonear, ou fica com a mesma cor até desbotar. É contigo.

Por que os gigantes se moveram?

Getting together.

Por que, de repente, essa vontade de ficar juntinho?

“…Tá tudo assim, tão diferente…”

Mude de cor rápido!

Do limão à limonada!

O dinamismo do mundo dos negócios sempre exigiu de seus players velocidade adaptativa para sobreviver aos desafios impostos por novos cenários.  Nos tempos atuais, a capacidade de se adaptar rapidamente, além de uma estratégia de defesa para sobreviver, se transformou em condição para garantir uma longevidade bem-sucedida das organizações. Talvez seja essa, capacidade adaptativa, a condição essencial para a criação e manutenção de vantagens competitivas doravante. O mundo muda e muda depressa. Às vezes, repentinamente. Temos que girar na mesma rotação para não ficar para trás.

Por que os gigantes se moveram?

Em um passado muito recente, exatamente na virada de 2018-19, grandes corporações deram uma guinada nos seus planos estratégicos prevendo uma mudança no ambiente corporativo que muitos apontavam como sendo a bola da vez na conquista e manutenção de vantagens competitivas. Fui convidado pelo LinkedIn, à época, para participar de um estudo que reunia as previsões para 2019 de renomados líderes empresariais, escritores, jornalistas e acadêmicos ao redor do mundo—#GrandesIdeias2019. Dei a minha contribuição, como Educador Corporativo, apontando o movimento que eu julgava, e ainda acredito, ser a tendência do ambiente corporativo daquele momento em diante. Sendo assim, embasei minhas previsões na mega guinada estratégica de três corporações gigantes: IBM, Apple e Google.

Getting together!

A IBM, em 2018, “parou seu programa de trabalho remoto, empurrando milhares de funcionários de grupos principais que suportam suas marcas de volta ao escritório”. Dá para imaginar o quanto custou tirar milhares de funcionários de seus escritórios e levá-los para seus home offices e depois trazê-los de volta para o escritório central? Isso mesmo. Uma montanha de dinheiro! O motivo tem que ser muito nobre, entende?!

Por sua vez “a nova e inovadora instalação da Apple, foi [essencialmente] projetada para promover relacionamentos de trabalhadores, compartilhamento de ideias e colaboração”. Um projeto ambicioso, como sempre, de US$ 5 bilhões, em Cupertino, Califórnia, inaugurada em 2017. O último projeto de Jobs. O nome é bem sugestivo—Apple Park.

Outro gigante que vem se aprimorando na arte de estabelecer facilidades de relacionamento interpessoal entre os colaboradores em todos os níveis hierárquicos; é a Google. “Os Google Cafés são projetados para encorajar interações entre funcionários de todos os departamentos e suas respectivas equipes”.

Fonte: https://www.forbes.com/sites/danschawbel/2017/11/01/10-workplace-trends-youll-see-in-2018/#3f7e4f154bf2

Por que, de repente, essa vontade de ficar juntinho?

Tudo isso tem um único e exclusivo intuito: Estreitar os relacionamentos interpessoais dentro das organizações. Ou seja, provocar a interação entre as pessoas e o consequente compartilhamento de visões. A famosa “troca de figurinhas” entre os colaboradores que geram conhecimentos tácitos e valores invisíveis; motores propulsores de vantagens competitivas duradouras. (click aqui para saber mais)

Os valores invisíveis e o conhecimento tácito, como já apontei em diversas publicações, continuam sendo os motores propulsores na criação de vantagens competitivas sustentáveis, mas tais valores e conhecimentos sem capacidade adaptativa, são sementes plantadas em solo infértil. Tais valores e conhecimentos não são mais suficientes. É preciso ir além. Camaleonear é preciso!

“…Tá tudo assim, tão diferente…”

A pandemia do Coronavírus e a consequente estratégia de isolamento adotada provocou mudanças significativas no nosso modo vivente. Em um espaço curtíssimo de tempo, fomos forçados a inventar um novo normal para as nossas vidas pessoais e profissionais. Não foi fácil para ninguém e continua sendo bem difícil ainda. Adaptar-se rapidamente às novas situações é uma estratégia de sobrevivência, mas não deve ser considerada somente desta forma. Ela pode, e deve, ser também um meio através do qual vantagens competitivas podem ser garimpadas. Como assim?

Mude de cor rápido!

Quando o cenário ambiental muda, uma adaptação rápida às novas regras reduz o sofrimento e garante a sobrevivência. A evolução de algumas espécies do reino animal comprova esta tese. Entretanto, no mundo corporativo, adaptar-se para sobreviver não é o suficiente. Na maioria das vezes, os que lutam para sobreviver, são os primeiros a morrer. É preciso muito mais do que isso. É preciso suplantar a competitividade criando vantagens competitivas sustentáveis, em meio ao caos, para não se transformar em mais um entoador do mantra mais nocivo do mundo corporativo—matar um leão por dia! até ser comido por um deles. Eu sei, não é simples assim.

Não é simples assim!

Não está sendo fácil para ninguém se adaptar ao novo normal. Imagino o que deve ter passado pela cabeça dos Diretores da IBM quando o isolamento social foi adotado como estratégia de combate à pandemia. Como redefinir o que acaba de ser redefinido? Mandamos os caras para o home office; trouxemos de volta para o escritório e por fim temos que mandá-los de volta para casa de novo! Tudo isso no espaço de um ano. Eu não queria estar em suas peles! Acredito também que se Steve Jobs estivesse vivo, provavelmente ponderaria: Eu poderia ter esperado 2020 passar para investir US$ 5 bilhões em novas instalações cujo projeto foi desenvolvido para facilitar o relacionamento interpessoal. Consegues perceber como o mundo corporativo é dinâmico?

Do limão à limonada!

Todavia, são os momentos de extrema crise, como o atual, que a “seleção natural” entre os que lutam pela sobrevivência, até o dia em que o leão é mais rápido, e os que costumam e gostam de fazer do limão a limonada; se estabelece. Dois exemplos são emblemáticos, aqui em Portugal:

  • Delivery em Póvoa! Uhu! Estou morando há um ano e meio em Póvoa de Varzim, cidade balneária que fica a 34km de Porto, aproximadamente. Os portugueses adoram sair para comer. Eu também gosto, mas naqueles dias de friozinho, ou quando um filme bacana vai passar na TV, nada como o aconchego do lar e uma boa comidinha. Pois é, isso não era a realidade da cidade até a pandemia chegar. Restaurantes onde o delivery era impensável, adotaram o serviço como estratégia de sobrevivência. Os que mantiverem os serviços pós pandemia, criarão uma vantagem competitiva importante para o setor. Quem viver; verá.
  • O Ahimsa Estúdio de Pilates Yoga e Health Coaching é outro exemplo bem-sucedido de rápida capacidade adaptativa. Quase que imediatamente ao anúncio do fechamento dos centros desportivos, academias e estúdios de pilates em Portugal, a estratégia de aulas online foi implementada. A adesão ao serviço não foi unânime por parte dos alunos, inicialmente, mas os prejuízos de uma total paralisação foram minimizados. Além disso, a possibilidade de demissões foi descartada. Hoje, com a flexibilização do isolamento e a reabertura do estúdio, a ideia é investir em equipamentos para incluir, definitivamente, a nova modalidade aos serviços já prestados. Sem a pandemia e sem camaleonear; essa vantagem competitiva dificilmente seria conquistada.

Tenho ouvido muitos outros relatos de empresas que fizeram do limão a limonada frente ao novo normal e outras que simplesmente, sem precisar “fazer nada”, decolaram na crise. Os serviços online, por questões óbvias, que o digam. Outro bom exemplo é o da Macondo Propaganda que relutava para experimentar o trabalho remoto. De repente, se viu forçada a isso. Sabe aquela história de crise-oportunidade? Pois é, às vezes os revezes da vida nos dão aquele empurrãozinho que faltava para decolarmos. E você, já se camaleoneou ou ainda está com saudades do antigo normal?

Sucesso, saúde e até breve!

#EuContinuoUsandoMáscara

2020-07-20T18:01:38-03:00 20 de julho, 2020|Educação Corporativa|0 Comentários

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