Ser resiliente ou desistir? O que vamos fazer agora?

Ser resiliente ou desistir? O que vamos fazer agora?

A imprevisibilidade arrogante da vida repousa solene e impávida sobre uma única e absoluta certeza: que um dia ela acaba!

Prosseguindo com a nossa sequência de quatro posts sobre resiliência trataremos, neste terceiro, daqueles episódios desafiadores que todos nós enfrentamos na jornada de nossas vidas. Aquele momento crucial de decidir se entregamos os pontos ou levantamos, sacudimos a poeira e damos a volta por cima.

Situando os “novatos” na sequência do nosso estudo, segue os links dos dois posts anteriores:

  1. Você sabe o que é Resiliência?
  2. Você é uma pessoa Resiliente?

Feito este preâmbulo; bora trabalhar!

Quando o mundo desaba!

Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, conhecida apenas como “September Eleven”, quatro aviões comerciais foram sequestrados nos Estados Unidos por terroristas fundamentalistas islâmicos (al-Qaeda). A ideia era derrubar os aviões em alvos considerados estratégicos pelos terroristas em ataques suicidas. Dois desses aviões nocautearam, literalmente, o complexo empresarial do World Trade Center (WTC), na cidade de Nova York, e o orgulho dos estadunidenses desabou junto! O coração financeiro do mundo transformou-se em ruínas em poucos minutos.

O terceiro avião colidiu contra o Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no Condado de ArlingtonVirgínia, nos arredores de Washington, D.C. sem causar grandes perdas materiais ou vítimas fatais além, é claro, da tripulação civil. O quarto avião não cumpriu seu objetivo que, alguns dizem, seria atingir a Casa Branca. A tripulação tentou retomar o controle da aeronave, como comprovam mensagens enviadas via celular, o que provocou sua queda numa área descampada próximo de Chanksville, na Pensilvânia.

O estrago foi grande. Aproximadamente três mil mortos sendo que a maioria das vítimas eram civis, incluindo cidadãos de mais de 70 países.  Além disso, sobreviventes sequelados por doenças respiratórias, devido a exposição à poeira do colapso do World Trade Center, se tratam ainda hoje, passados 20 anos da tragédia.

Quando o inesperado bate à porta!

Fico tentando (sem nenhum êxito, é claro!) imaginar o que passava pela cabeça daquelas mais de três mil pessoas quando deixaram suas casas naquela manhã fatídica. Será que a mais pessimista delas imaginaria que num país como os Estados Unidos, armado e “seguro” até aos dentes, quatro aviões poderiam ser, simultaneamente, sequestrados? E que o prédio que essa pessoa trabalhava, o mais seguro do mundo, pudesse sofrer um ataque terrorista que o deixasse em destroços?

Realmente Tiago estava absolutamente certo no capítulo 4, versículo 14 do Novo Testamento que diz: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece”.

Não se pode controlar o incontrolável: a vida!

Conheço pessoas que gastam a maior parte do seu tempo tentando controlar o incontrolável—a vida. (Infelizmente, algumas não se contentam em tentar controlar a própria e tentam controlar também a dos outros!). Fazem previsões para tudo o que se possa imaginar. Estabelecem normas e procedimentos para controlar o ambiente tornando-o mais “seguro”. Não saem à noite. Não comem isso ou aquilo (faz mal). Vão ao médico se sentindo ótimas (vai que exista algo de ruim adormecido dentro de mim!). Têm uma vida regrada e sistematicamente monitorada (comem a mesma coisa na mesma hora; dormem na mesma hora, do mesmo lado da cama, com o mesmo travesseirinho; transam na mesma hora e no mesmo lugar (na mesma posição, é claro)) tudo isso para exercer um pseudo controle do que não se pode controlar de jeito nenhum! E, numa bela manhã outonal, denominada simplesmente de “September Eleven”; elas saem de casa e…

Prudência, canja de galinha e dinheiro no bolso; só faz bem! mas tentar exercer um controle absoluto sobre tudo e todos é absolutamente improdutivo. Perda de tempo mesmo. Ao contrário, temos é que nos preparar para resistirmos às tempestades da vida desenvolvendo a nossa capacidade de sermos resilientes. É possível e, sem dúvida, muito mais fácil. Mas como chegar a esse ponto?

Como nos tornamos mais resilientes?

Não é uma tarefa simples e está relacionado, primordialmente, à nossa formação psicológica construída na nossa primeira infância. Este padrão psicológico individual de lidar com o mundo ao nosso redor é construído ao longo de toda a nossa existência através de aprendizados e experiências; entretanto, é na primeira infância o seu ponto de construção fundamental. Isto porque, é na primeira infância que o que recebemos de conceitos culturais e formativos fica meio que “tatuado” na nossa psique dirigindo nossas ações e reações, inconscientemente, ao longo de nossas trajetórias de vida.

Dessa forma, se somos criados em ambientes propiciadores desse equilíbrio emocional que nos capacita a encarar aquilo que é inevitável ao longo de toda a nossa vida; ou seja, as adversidades, sob a perspectiva da dimensão exata do problema, sem exageros e fatalismos, identificando exatamente a área de nossa vida que será atingida; isso nos dá a possibilidade de desenvolvermos nossa capacidade de sermos mais resilientes.

Vale muito a pena ressaltar, entretanto, que essa construção do arquétipo psicológico na primeira infância não é uma condição sine qua non para nos tornarmos pessoas resilientes. É, tão somente, um facilitator importante na aquisição desta capacidade, mas não o único meio. Nos reeducarmos, se for o caso, na idade adulta em relação à forma com que lidamos com os infortúnios inevitáveis da trajetória de nossas existências; é perfeitamente possível. Podemos melhorar sempre, independentemente do nosso início.

2020-10-26T15:52:16-03:00 26 de outubro, 2020|Resiliência Organizacional|0 Comentários

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